domingo, 13 de fevereiro de 2011

Como esquecer

Certas coisas não vem com receita, mas isso não impede que a gente tente criar uma. Esquecer, por exemplo. Alguns dizem que a receita é bem simples, é só parar de lembrar - e sumir com tudo que lembre o elemento a ser esquecido. Mas todo mundo sabe que receitas não são cem por cento confiáveis. Mesmo seguindo-as à risca, pode ser que algo dê errado e não se atinja o resultado. Às vezes tem a ver com os ingredientes, outras vezes com o tempo de preparo. Ou ainda com o próprio executor, nem todo mundo foi feito pra fazer bolos. Ou para esquecer coisas importantes.

É engraçado a dinâmica existente entre lembrar e esquecer. Às vezes esquecemos aquilo que não devemos e lembramos daquilo que só nos faz mal. Não existe lógica no que concerne os nossos sentimentos e emoções. Mesmo que a memória seja teoricamente algo racional. Mentira. Tem tudo a ver com irracional também.

Acho que, por mais que doa lembrar daquilo que queremos esquecer, talvez seja necessário, para que um dia possamos perceber no meio disso tudo, algo que valia mesmo a pena ser guardado, e ficarmos aliviados por não termos jogado tudo fora.

RECEITAS PARA LEMBRAR:**

- Escreva um diário
- Deixe bilhetinhos espalhados por toda parte
- Conte para outras pessoas (de confiança) e para si mesmo de vez em quando
- Feche os olhos e visualize o que deve ser lembrado

RECEITAS PARA ESQUECER:**

- Jogue fora tudo o que faça lembrar (ou esconda de você mesmo em um lugar seguro)
- Apague os vestígios
- Encontre outro objeto afetivo para substituir e parar de lembrar do antigo*

*Talvez este método conduza a um ciclo inacabável de substituição de objetos afetivos por outros com o intuito de esquecer, mas não por isso deixa de ser eficaz.

**Esta esquecedora e lembradora não garante a eficiência de nenhum desses métodos e não se responsabiliza por resultados negativos. Mas ela aceita sugestões.

Um comentário:

Veja você disse...

Todos aceitamos sugestões. O bom da dinâmica entre o lembrar e o esquecer é que tudo muda (pode mudar, independente da vontade), inclusive o passado. Você há de concordar que o passado nada mais é do que memória. Passado não são fatos. até logo mais