segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

(Sem) Explicação

- Não entendo essa sua mania de me mandar SMS sabendo que eu nunca posso responder.
- Já lhe ocorreu que eu talvez não procure respostas?
- Não. Explique-se.
- As mensagens que eu escrevo não tem pretensão de conter um diálogo. São só palavras, coisas que eu penso e queria te dizer, ou dizer a mim mesma, aforismos. Encaro seu celular sem créditos como um poço sem fundo, onde eu jogo uma moeda e não a ouço cair; sei que ela está lá, mas não sei o que lhe aconteceu, se alguém sabe que dela, só sei que eu a joguei, eu a queria lá. É mais ou menos assim. As palavras que te escrevo, mesmo as mais constituídas de sentido, tem sua razão de não serem respondidas. Até porque mesmo quando nos encontramos, você não responde as minhas perguntas.
- É, eu sei. Mas você quer que eu responda? Tem coisas que eu simplesmente não sei o que falar. Acabo me escorando na defesa de não ter créditos e se não me manifesto, pode ser que eu não tenha lido, você não vai saber. Mas você também não me pergunta essas coisas de novo.
- É claro que não. Elas ficam no limbo da sua caixa de entrada. Como eu já disse, eu não procuro respostas. Procuro um meio de expelir essas palavras pra fora de mim, e acho o seu celular bem adequado para essa função. E depois, tem certas perguntas que não merecem, nem devem, ter respostas. Tem tanta coisa que eu poderia te perguntar, assim, cara a cara, mas tenho medo do que você vai responder. Pelas mensagens não corro esse risco. Sei que elas chegam, mas que não terão respostas. Se eu te digo agora, na lata, que te amo, o que você diz?
- Eu...
- Viu? Por isso prefiro as mensagens. Algumas respostas só magoam, não correspondem às nossas expectativas; às vezes nem existem, dependendo da coisa que se diz. Deixe minhas perguntas sem respostas, é melhor assim, pra mim e pra você.
- Como pode ser melhor? Eu juro que não te entendo.
- Eu sei, querido, eu sei. O dia em que eu encontrar alguém que me entenda me caso com a pessoa. Mas é provável que ela não goste do que entender de mim e queira distância. É por isso que eu gosto de você, assim, todo confuso, cheio de teorias, tentando decifrar meus segredos. Deixe as coisas como estão e o universo não vai explodir.
- ... Mas...
- O quê?
- E se eu quiser que meu universo exploda?
- ?
[beijo]

Um comentário:

Anônimo disse...

aforismos... limbo... sobra talvez o (um, mais um) beijo.